Empresários da construção civil receberam com otimismo o resultado do leilão em que o governo federal transferiu para a iniciativa privada a gestão de quatro aeroportos brasileiros, enxergando sinal claro de que investidores internacionais voltaram a confiar no Brasil, aspecto relevante para o amplo esforço em torno da recuperação da economia brasileira. A expectativa, alertam, é que empresas brasileiras também possam fazer parte dos projetos, em um movimento de abertura do mercado para construtoras de diversos portes. “Não há dúvida que foi um resultado importante para o país, mas é preciso um olhar mais abrangente, que agregue um número maior de participantes”, diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Na nossa avaliação, quanto mais participantes, de perfis diferentes, melhor”.
“O resultado dos leilões dos quatro aeroportos ocorridos ontem, evidencia pontos positivos que marcam sem dúvida uma nova fase da economia e uma nova postura de governo. O interesse de grupos estrangeiros denota a retomada do grau de confiança no ambiente econômico brasileiro”, comenta Carlos Eduardo Lima Jorge, presidente da Comissão de Obras Públicas, Privatizações e Concessões (COP) da CBIC. Dirigentes e empresários do setor têm acompanhado os projetos de concessão e parceria público-privada (PPP) com atenção, propondo ao governo a adoção de uma modelagem que garanta a participação de um número maior de empresas, em um cenário de livre concorrência e maior transparência.
“Essa é uma oportunidade de o país abandonar um modelo que sempre foi concentrador para trazer novos players, mais players, em um ambiente de negócios diferente”, diz Martins. “A preocupação da COP/CBIC em relação a esses leilões, que não contaram com a participação direta de construtoras, é que esse modelo não prevaleça para o conjunto das concessões e parcerias possíveis de serem estruturadas no campo da Infraestrutura”, acrescenta Carlos Eduardo. O papel das construtoras brasileiras no novo ambiente de negócios criado no Brasil é pauta prioritária da CBIC, que trabalha em ao menos dois campos: preparar o empresário do setor para atuar nas modalidades de concessões e PPPs; e mostrar ao governo que há um grupo de construtoras brasileiras com capacidade para executar as obras estratégicas do país. A expectativa é criar as condições para que empresas brasileiras façam parte dos projetos em curso.
Para isso, a COP/CBIC vem produzindo conhecimento qualificado e liderado um debate intenso em torno não apenas de uma nova modelagem para projetos nessas modalidades – que seja exequível, garanta a segurança jurídica, a transparência necessárias – como, também, no mapeamento dos segmentos em que a construção civil pode colaborar. A Comissão tem produzido e disseminado estudos, realizado seminários e reuniões técnicas e interdisciplinares com especialistas de credibilidade reconhecida para produzir propostas que aperfeiçoem a modelagem e marcos regulatórios em vigor. “Existe um campo enorme de oportunidades nas concessões de projetos menores em que as construtoras têm plena capacidade e qualificação para serem parte integrante de consórcios”, diz Carlos Eduardo, referindo-se aos aeroportos regionais; água, esgoto, resíduos sólidos, rodovias, iluminação pública e outros.
Fonte: CBIC