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Na construção civil, “sentimento é de recuperação, com ou sem crise política”

A nova fase de instabilidade política instaurada trouxe novamente o clima de incerteza para a indústria da construção civil, que nos últimos meses observava otimista os sinais do início de uma recuperação econômica, com queda nas taxas de juros e recuo do índice de inflação. Entre os empresários e especialistas do setor, a questão que se pontua é: mesmo com a crise política instaurada, será possível uma retomada do setor no próximo ano?

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), José Romeu Ferraz Neto, dificilmente a indústria da construção irá sentir uma retomada ainda este ano. “Os lançamentos imobiliários a serem feitos, bem como a ampliação dos investimentos de governo na infraestrutura e novos contratos de concessões deverão gerar novas obras apenas a partir de 2018”, afirma.

Segundo Ferraz Neto, a previsão se sustenta porque o segmento ainda busca vender os elevados estoques. Da mesma forma, no setor de infraestrutura, devido às dificuldades dos orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios, são escassas as possibilidades de novas construções. O presidente do Sinduscon-SP, acrescenta ainda que, “as exceções ficam por conta da habitação popular, com a retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida, e do segmento de reformas”.

O presidente em exercício e vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, o sindicato da habitação, Carlos Borges, concorda com a avaliação de que atualmente a moradia popular é o grande foco do segmento. “O potencial do mercado imobiliário brasileiro é enorme, uma vez que temos uma demanda muito forte para os próximos 20 anos. É claro que varia de região para região, mas hoje o grande mercado é o residencial, em especial de moradias populares”.

Sobre a retomada do crescimento, Borges afirma que apesar da situação política no País, a recuperação do mercado imobiliário deve continuar lenta e gradualmente. “A tendência é que, independente do imbróglio político, a inflação continue em queda e assim seguimos para a redução da taxa de juros. O sentimento é que o cenário é de recuperação, com ou sem crise política”, conclui.

Solução à vista – O presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, confirma que o quadro de recessão atual abalou profundamente a indústria da construção, que nos últimos 31 meses foi obrigada a extinguir mais de 1 milhão de empregos com carteira assinada. Segundo Ferraz Neto, o principal entrave enfrentado pela cadeia de construção civil é a falta generalizada de investimentos, devido à retração da demanda das famílias e dos grandes investidores.

“A situação atual somente será ultrapassada se o governo conseguir levar adiante a política econômica, que está no rumo certo, em busca do resgate da confiança das famílias e dos investidores. Para tanto, as reformas previdenciária e trabalhista serão indispensáveis, pois representarão uma perspectiva real de reequilíbrio das contas públicas, de melhoria no ambiente de negócios e de ampliação da oferta de emprego com segurança jurídica”, ressalta, Ferraz Neto.

Os desdobramentos do cenário atual da indústria da construção civil serão discutidos na 11ª edição do Concrete Show South America, que acontece de 23 a 25 de agosto no São Paulo Expo. O encontro de negócios oferece oportunidades de networking e uma ampla visão do que há de mais moderno em soluções que atendem toda a cadeia produtiva do concreto e o setor de construção civil. O evento conta com o apoio do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).