O custo da mão de obra na construção civil passou de 0,79% no primeiro decêndio de maio para 4,03% em igual período de junho, pressionando o resultado do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) deste mês, divulga do no início da semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado foi uma taxa de 2,40% ante 0,66% registrado no primeiro decêndio de maio. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços subiu 0,65% contra 0,53% no mês anterior.
Dentre as atividades que registraram as principais altas no INCC do primeiro decêndio de junho estão: carpinteiro(4,88%), bombeiro (4,88%), pedreiro (4,4%), servente (3,89%) e ajudante especializado (3,79%).
“O mercado está mais difícil. Desde o final do ano passado, te mos um número menor de obras iniciando, além de uma inflação mais elevada que afeta os trabalha dores e a cesta de materiais das construtoras”, avalia a a coordenadora de estudos de construção da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo. “Está ocorrendo um ajuste do mercado imobiliário. As construtoras estão negociando mais”, observa.
Pressionado por reajustes sala riais em São Paulo e Brasília, o índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC M) de junho deve ficar acima da taxa de maio (1,24%), quando o índice acelerou sensível mente ante os 0,84% de abril.
O acordo salarial em São Paulo foi fechado com 8,99% de reajuste, acima dos 7,47% de 2012. Já em Brasília, o reajuste foi de 8,40%. Nos dois casos, ficaram acima da inflação acumulada em 12 meses até maio (6,50%), medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
“Nesse ano, ainda temos pela frente os reajustes salariais do setor em Porto Alegre ainda no primeiro semestre -, em Recife (em outubro) e em Belo Horizonte (em novembro)”, observa Ana Maria Castelo. “Antes dos reajustes em São Paulo e Brasília, tivemos mudanças em Salvador (9%, em janeiro) e no Rio de Janeiro (9,50% em fevereiro)”, conta ela.
A inflação já vem pressionando a construção civil há muito tempo. “Não é de hoje”, diz o vice-presidente de Economia do Sindi cato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon SP), Eduardo Zaidan.
“Há mais de três anos a infla cão da construção vem batendo os 7%, acima do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. E metade da inflação da construção vem dos custos da mão de obra. Em junho de 2010, em doze meses, a inflação da construção passou de 6,5% e nunca mais desceu. Tivemos um pequeno intervalo, entre agosto de 2009 e abril de 2010, quando a taxa ficou abaixo de 6 % “.
De acordo com Zaidan, entre 2007 e 2011, a força de trabalho praticamente dobrou, saindo de um contingente de 1,6 milhões para 3,5 milhões de trabalhadores.
“Nesse período, o mercado imobiliário estava repondo uma demanda reprimida de mais de duas décadas, além da demanda natural gerada por um cenário de inflação controlada”, observa.
Mas, segundo ele, essa taxa de crescimento não vai mais acontecer e não teremos mais ” esses nú meros espetaculares”.
As obras que vemos são decisões tomadas há pelo menos três anos. Ainda temos um movimento que deve se perpetuar por mais um ano. Precisamos repor, ainda no próximo semestre, o volume de obras. Caso isso não aconteça, provavelmente em 2014 tenhamos um decréscimo da atividade”, alerta.
Para a FGV, a previsão em 2013 é de crescimento de 3%. As estimativas referentes a 2012 e 2011 (os números ainda não foram divulgados pelo IBGE de forma definitiva) são 47, e 3,9%, respectivamente.
Há pelo menos três anos a inflação da construção civil fica acima do IPCA, pressionada pelos altos custos com mão de obra, que de 2007 a 2011 passou de 1,6 milhões para 3,5 milhões de trabalhadores.
Fonte: CBIC