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Juros caem ante cautela na indústria

A diminuição da confiança do empresário da construção civil e a expectativa de menor crescimento industrial no Brasil este ano favoreceram as apostas de quem projeta um ciclo de aperto monetário suave, de até 1 ponto percentual, que levaria a Selic a encerrar o ano em 8,25%. Os juros caíram na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), quinta baixa em seis sessões, mas a cautela ainda prevalece entre os agentes, que aguardam a divulgação, amanhã, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a abril.

A pesquisa do Banco Central com o mercado por meio do boletim Focus mostrou projeções mais contidas para o ritmo de crescimento da produção industrial em 2013 – de 2,39% ante 2,83%. O ajuste alinhou os cenários aos dados divulgados sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram expansão do setor de 0,7% em março, pouco mais da metade esperada por analistas ouvidos pelo Valor Data .

Com relação à política monetária, as estimativas para o juro básico seguiram em 8,25%, tanto para 2013 quanto para 2014.

Os agentes também estão menos otimistas em relação ao setor imobiliário. De acordo com a pesquisa Sondagem Conjuntural do Setor da Construção, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Construção caiu 6,6% no trimestre encerrado em março, ante mesmo período de 2012.

O mercado até monitorou a participação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em seminário sobre o sistema financeiro, em Brasília. Mas a fala se restringiu ao tema do evento. Assim, predominou ontem na BM&F o movimento de pequenos ajustes para baixo nas taxas e a cautela, por causa da divulgação, amanhã, do IPCA de abril.

O dólar replicou no Brasil a alta que registrou ante seus principais pares e que foi acentuada pelas declarações pessimistas do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. O baixo volume negociado no câmbio brasileiro também contribuiu para o avanço de 0,15% da divisa americana ante o real, para R$ 2,013, em meio a fluxos de saída de recursos do país.

Segundo o especialista em câmbio da corretora Icap Brasil, Italo Abucater, o volume negociado ontem foi “ridículo”, tanto no mercado à vista quanto no futuro. Segundo ele, o viés do mercado continua sendo mais comprador. “Lá fora está ruim e não tem nada que atenue a valorização do dólar, e por aqui só temos fluxo de saída”, disse ele.

Os fluxos continuam ruins no mercado, disse Abucater. Na semana passada, segundo ele, o fluxo cambial só não foi negativo graças à venda inicial de ações da BB Seguridade. Sem os cerca de US$ 2,4 bilhões de recursos de estrangeiros esperados para entrar no país em decorrência da operação, o fluxo teria sido “bem negativo”. Assim, permanece a pressão de alta sobre o dólar no Brasil, que só não é mais intensa por conta da proximidade com o teto da banda cambial informal do BC.

Fonte: CBIC