Com investimento e consumo menos acelerados, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê uma leve piora da economia brasileira em 2014. A entidade prevê crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% contra estimativa de avanço de 2,4% em 2013.
A formação bruta de capital fixo (FBCF), medida do que se investe em máquinas, equipamentos e na construção civil, deve avançar 5% no próximo ano. A estimativa para 2013 envolve uma expansão na FBCF de 7,1%. O consumo das famílias também deve crescer menos – de um avanço de 2,1% em 2013 para 1,7% em 2014. A única exceção é o PIB industrial, que deve passar de avanço de 1,4% em 2013 para 2% em 2014.
“A limitação a um crescimento maior é tanto de origem externa quanto interna”, avaliou a CNI, no estudo “Economia Brasileira”. No exterior, a entidade patronal aponta os riscos de deterioração associados às mudanças na política econômica americana, referindo-se aos estímulos monetários. Ontem, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou a redução na compra de títulos, de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões, a partir de janeiro.
No cenário doméstico, os riscos estão no calendário eleitoral, que na opinião da entidade concede pouca liberdade para correções de rota mais ousadas e da desaceleração do investimento.
Além disso, a CNI aponta que a inflação alta dificulta um crescimento mais robusto. Isso levará a uma “nova alta na Selic no início de 2014” e a uma taxa de juros nominal de 10,5% ao final do ano. Esse ciclo de elevação, iniciado em abril, levará a um menor ritmo no investimento, diz a entidade.
A CNI também prevê uma aceleração da inflação, dos 5,7% estimados em 2013 para 6% em 2014, e um aumento do desemprego médio (de 5,4% em 2013 para 5,6% em 2014).
Do ponto de vista das contas públicas, a CNI prevê aumento do déficit público nominal (de 3% para 3,7%) e diminuição do superávit primário, que deverá ser de 1,4% do PIB em 2014 ante 1,9% do PIB em 2013. A dívida pública líquida, por sua vez, deve permanecer estável em 33,9% do PIB.
A CNI prevê melhora nas relações comerciais com outros países por conta de um câmbio mais favorável às exportações. A taxa nominal de câmbio deve ser, em média, de R$ 2,35 por dólar em 2014 frente a R$ 2,16 por dólar em 2013. Isso permitirá um crescimento no saldo da balança comercial. Para a CNI, a balança comercial deve fechar este ano com um superávit de US$ 700 milhões. Para 2014, a projeção é de superávit de US$ 9 bilhões. Assim, o déficit em conta corrente deve ser um pouco menor, US$ 72,2 bilhões, ante US$ 81,3 bilhões em 2013.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o resultado da economia em 2013 e a perspectiva para 2014 não podem ser comemorados. “O Brasil tem condição de crescer a patamar mais elevado, o crescimento do PIB industrial deveria estar em torno de 4% a 5%”, avaliou. Mas, para alcançar tais resultados, de acordo com Braga, pesam problemas como a burocracia, a alta carga tributária e a legislação trabalhista, entre outros fatores. Ele informou que a CNI está compilando os dez maiores problemas do setor, já com propostas de solução, para apresentar aos candidatos à presidência da República no próximo ano.
Fonte: CBIC