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Deixando a crise para trás

Estamos assistindo, com alívio, a revisão das expectativas para a economia brasileira e os sinais de arrefecimento da sua pior crise. As mais diversas consultorias, analistas de mercado e pesquisas apontam que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, embora muito distante do razoável, já não será tão negativo quanto se projetava inicialmente. As estimativas atuais indicam uma queda de 3,1% enquanto, há poucos meses, era -3,7%. Para 2017 os números começam a se fortalecer e sugerem o fim da recessão. A alta prevista já é superior a 1% sendo que existem projeções mais otimistas, que se aproximam de 2%. Para a inflação, espera-se que, depois de dois anos consecutivos, ela não ultrapasse o teto da meta e fique em torno de 5%. Para a taxa de juros (Selic) aguarda-se que ela deixe o seu maior patamar em quase 10 anos (14,25%) e caminhe para a casa de 11%.

Hoje já é quase consenso que efetivamente o Brasil atingiu o fundo do poço e que está dando os primeiros passos (mesmo que lentos) em direção a porta de saída da maior crise dos séculos XX e XXI, que deixou a economia agonizando, e cuja herança, mais triste e dolorosa, corresponde a 11,8 milhões de pessoas desempregadas. A sensível melhora nos indicadores de confiança de empresários e consumidores sugere que o pior já passou. Mas é preciso ressaltar que para começar um novo ciclo virtuoso de crescimento o País necessita, com urgência, de avançar no seu quadro fiscal. Não se inicia um processo de desenvolvimento sustentado com tamanho desequilíbrio nas contas públicas. Os aguardados resultados positivos podem ser ilusórios se não acontecer nenhum avanço nessa área. A sinalização de que o ajuste fiscal está na pauta da agenda de crescimento fortalece a esperança, mas medidas concretas precisam acontecer. Também é preciso destacar a prioridade da reforma política, fundamental para promover o fortalecimento da estabilidade do País. Outras reformas como a previdenciária, a trabalhista e a tributária são indispensáveis. Não se pode buscar atalhos, sob o risco de não encontrar o caminho do futuro.

Além disso, é preciso estimular a produção de setores essenciais ao desenvolvimento nacional, como a Construção Civil. Este setor, cuja cadeia produtiva ocupa mais de 12milhões de pessoas, sente as consequências do cenário adverso e deverá registrar, em 2016, o terceiro ano consecutivo de queda em seu PIB. Nos últimos 22 meses a Construção vem registrando números negativos em seu mercado de trabalho sendo que, neste período, foram perdidas mais de 770 mil vagas com carteira assinada em todo o Brasil. Números difíceis de acreditar para um País que ainda tem muito a construir. A sua precária infraestrutura e o seu triste déficit habitacional, contabilizado em quase seis milhões de moradias, não deixam dúvidas de quanto o País precisa reativar o setor para solidificar as bases do seu desenvolvimento. Caminhos existem e é preciso seguir por eles. Neste sentido, avançar nas Parcerias Público-Privadas e também nas Concessões  certamente trará resultados positivos. A maior união de agentes públicos e privados resultará no fortalecimento estratégico do aguardado novo ciclo de desenvolvimento nacional. No lado da habitação, sempre é preciso lembrar que o déficit está concentrado nas famílias com renda até três salários mínimos. Por isso, programas habitacionais não podem ser tratados como projetos políticos. É necessário consolidá-los como programas de estado. Assim, será possível combater a carência de moradias de forma continuada e organizada.

É bom destacar que a Construção Civil, que vem padecendo com as suas atividades em patamares abaixo do que é usual, não está parada. Está se fortalecendo ainda mais para atender às necessidades do Brasil e também para ser a protagonista do novo ciclo de crescimento. Por isso, entre os dias 7 a 9 de setembro, acontecerá o MinasCon 2016. Promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, por intermédio da sua Câmara da Indústria da Construção, e já em sua 13ª edição, este encontro reunirá empresários, profissionais das áreas de engenharia e arquitetura, além de professores e estudantes, para discutir aspectos essenciais ao desenvolvimento setorial. Serão três dias de intensos trabalhos e debates que passam pelo cumprimento da Norma de Desempenho, pela utilização de inovação, de novas tecnologias e pelos ganhos de produtividade, que contribuirão para preparar, ainda mais, a Construção Civil para o novo ciclo de desenvolvimento que está por vir. É uma prova que esperamos 2017 melhor do que 2016 e que acreditamos que 2018 será melhor do que 2017.

Teodomiro Diniz Camargos

 

Artigo escrito por Teodomiro Diniz Camargos, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG) e Presidente da Câmara da Indústria da Construção (CIC/FIEMG).