O crescimento do crédito vai perder velocidade no ano que vem. Pelos cálculos apresentados ontem pelo Banco Central, a projeção de expansão para 2014 ficou em 13%, menor do que os 14% aguardados para este ano – a previsão anterior para 2013 era de 15%. Essa nova projeção vem alguns dias depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que o crescimento econômico brasileiro se dá com “duas pernas mancas”e o crédito seria uma delas.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, avaliou que essa taxa prevista para 2014 será um “importante fator para a sustentabilidade do crescimento da economia”. “O crédito continua crescendo de forma significativa, acima do PIB.”
A estimativa de menor fôlego em 2014 foi justificada pela perspectiva de que o mercado imobiliário não continuará tão forte. Além disso, o BNDES, que puxa o crescimento do crédito direcionado a empresas e Estados, vai reduzir o ritmo.
Confirmada a projeção do BC para este ano, haverá uma diminuição também em relação ao ritmo visto de janeiro a novembro de 2013. No período, o crédito teve expansão de 14,5%, totalizando um saldo de R$ 2,65 trilhões. Maciel explicou que essa diminuição se dará porque no fim de 2012 houve um desembolso “expressivo” do BNDES.
Avanço. Apesar de uma desaceleração ser esperada para o próximo ano, a taxa do crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) vai subir, segundo o BC. Deve encerrar 2013 em 56% e avançar para 58% no fim de 2014, o que pressupõe uma taxa menor para o crescimento.
Para Maciel, o ambiente para os próximos meses é benigno do ponto de vista da inadimplência. Em novembro, a taxa de calote no crédito livre caiu para 4,8%, a segunda menor da série histórica iniciada em março de 2011.
Quando começou a fazer o levantamento, o BC registrou uma variação de 4,7%. Já a taxa geral, que leva em conta também o crédito direcionado, atingiu a menor marca do período: 3,1%. A redução do calote foi vista tanto entre as famílias (6,7%) quanto nas empresas (3,2%). O quadro favorável, conforme o chefe de departamento, está e relacionado com o crescimento da renda no País. “A massa de salários continua em expansão”, disse Maciel.
Endividamento. Os pagamentos em dia vêm ocorrendo mesmo com o maior endividamento das famílias e a elevação dos juros aplicados aos empréstimos nos últimos meses. Conforme o BC, o juro médio dos financiamentos com recursos livres aplicado em novembro ficou, em média, em 29,3% ao ano, o maior desde abril de 2012 (304%).
Já o endividamento das famílias voltou a subir em outubro, quando atingiu a marca de 45,38%, novo recorde da série histórica iniciada em 2005. Em setembro, a taxa ficou em 45,35%, a mesma vista também no mês anterior. O levantamento considera o total das dívidas dividido pela renda em um ano.
Fonte: CBIC