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Construção Civil marca posição no Encontro Nacional da Indústria

“Enquanto não forem atacados os problemas estruturais do Brasil, tudo será remedinho. E está na hora da cirurgia”. Com essa frase, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, resumiu o posicionamento do setor perante a crise nacional.

Em painel do 10º Encontro Nacional da Indústria (Enai), o executivo voltou a cobrar um debate amplo e qualificado sobre a qualidade do gasto público e o tamanho do Estado brasileiro como pano de fundo de qualquer iniciativa que vise à recuperação da confiança e à retomada da economia. “Na construção civil, que eu represento, trabalhamos com longo prazo. O que entregamos é confiança e confiança a gente conquista fazendo e não dizendo”, frisou. 

Martins participou de debate sobre o futuro da indústria, destinado a atualizar a agenda do setor. Moderado pelo jornalista Cristiano Romero, do Valor Econômico, o painel também recebeu Marcos Munhoz, vice-presidente da GM do Brasil e da GM América do Sul; Humberto Barbato, presidente da Abinee; Paulo Stark, presidente e CEO da Siemens e Bráulio Borges, economista-chefe da LCA e pesquisador do IBRE-FGV. Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e um dos principais eventos do calendário anual da indústria, o 10º Enai fomentou discussões de grande relevância, favorecendo a busca de soluções para as turbulências que impedem a retomada do investimento. Entre os palestrantes e debatedores, empresários e dirigentes dos diversos segmentos da indústria brasileira, autoridades do primeiro escalão do governo federal, parlamentares e especialistas. Além do presidente da CBIC, também os presidentes dos Sinduscon Paraná, José Eugênio Gizzi, e Eduardo Azevedo, presidente do Sinduscon Amazonas participaram dos debates. Ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton proferiu palestra que precedeu o encerramento do evento, que recebeu público estimado em 1.900 participantes.

Os debates realizados durante o 10º Enai sinalizaram um posicionamento convergente entre empresários e dirigentes dos diversos segmentos da indústria. Há uma percepção unânime em torno dos vetores que favorecerão a retomada da economia brasileira e que exigem ação imediata: (a) é urgente o esvaziamento da turbulência política, com maior conscientização e mobilização efetiva do Congresso Nacional para aprovar as medidas que favoreçam o controle da crise; (b) é essencial a adoção de um plano de trabalho, com horizonte de longo prazo, que resgate os investimentos em infraestrutura, não apenas para superar gargalos que freiam a economia brasileira, mas também para garantir a recuperação do emprego; (c) é urgente a adoção de medidas que melhorem o ambiente de negócios e estabeleça a segurança jurídica necessária para estimular o investimento, com vistas a estimular o empresário brasileiro e atrair investidor estrangeiro qualificado.

AGENDA DE LONGO PRAZO – Presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato defendeu um “grande entendimento político”, frisando que as turbulências no Congresso Nacional têm atrapalhado o esforço para recolocar a economia nos trilhos. “A crise política atrapalha qualquer tentativa de superar a crise econômica”, resumiu o economista-chefe da LCA Consultoria, Bráulio Borges. “A situação no nosso setor, hoje, é de imprevisibilidade”, disse o presidente da CBIC. “Foram contratadas obras, não pagam nem sabemos quando vão pagar. Pediram para reduzir o ritmo das obras e ainda assim não resolveu”, comentou.  

Em reunião do Conselho de Administração da CBIC, realizada em 11/11, dirigentes da construção civil avaliaram o cenário nacional e decidiram cobrar do Executivo e do Legislativo soluções estruturais para a crise, sem o aumento ou criação de novos impostos – é o momento, disseram os executivos, de abandonar o receituário de curto prazo e olhar os desafios nacionais dentro de uma perspectiva de longo prazo. O setor é contra o resgate da CPMF e à fusão do PIS-Cofins e defende que esse debate seja colocado no escopo de uma reforma tributária que modernize a economia brasileira sem penalizar o cidadão e setores específicos da cadeia produtiva. “Se houver mais recursos, vão gastar. Tem que cortar o oxigênio para que o governo enxergue a realidade”, resume o presidente da entidade, vocalizando posicionamento alinhado pelo setor. “É preciso atacar o problema estrutural do Brasil, que é o gasto público”.  

O setor trabalha para articular oportunidades que permitam a recuperação de seu desempenho. Nessa pauta, o aperfeiçoamento da modelagem dos projetos de Concessões e PPPs, de modo que mais empresas possam participar das licitações; a definição de novas formas de financiamento, com vistas a criar condições para a retomada de investimentos; e a revisão de marcos regulatórios que hoje impõem gargalos à atividade econômica e criam dúvidas da conveniência de realizar investimentos no país.

Fonte: Câmara Brasileira da Industria da Construção