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Como a construção civil tem enfrentado a crise

A construção civil cresceu ininterruptamente entre 2007 e 2011, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A preservação do crescimento no auge da crise global deveu-se, segundo a Paic, à oferta ampla de financiamento para habitação, à liberação de recursos para infraestrutura pelo BNDES, ao crescimento do emprego e da renda familiar, ao maior consumo das famílias e à manutenção da desoneração do IPI de insumos da construção.

Destacaram-se, no período, as tendências de aumento do valor dos salários e remunerações pagos ao pessoal empregado, maiores investimentos com aquisição de terrenos e edificações, melhoria na distribuição regional do investimento imobiliário, além da queda do peso relativo das obras de infraestrutura. São tendências que aparecem com menos pormenores em outras sondagens, feitas na área privada.

Entre 2007 e 2011, o valor das incorporações, das obras e dos serviços no País aumentou de R$ 130 bilhões para R$ 286,5 bilhões, mais que dobrando em termos nominais e com alta real de 63,1%. Em 2011, entidades estatais contrataram 38,3% das construções (uma queda em relação aos 41,2% de 2007), ficando 61,7% com o setor privado.

No período, o número de empresas ativas do setor passou de 52,9 mil para 92,7 mil e o pessoal contratado, de 1,57 milhão para 2,66 milhões. Os salários e retiradas evoluíram de R$ 19,3 bilhões para R$ 49,8 bilhões – e a participação deste item no conjunto de custos e despesas da indústria da construção se elevou de 19,1% para 20,8%. Isso comprova o quanto a mão de obra foi beneficiada pelo aumento da atividade.

Entre os investimentos realizados, o item terrenos e edificações ampliou a participação de 18,6% para 24,2%, o que dá uma ideia da valorização das áreas edificáveis.

O pior comportamento registrou-se nas obras de infraestrutura: o peso do segmento na receita bruta caiu de 45%, em 2007, para 41,4%, em 2011. Enquanto isso, cresceu o peso da construção de edifícios (de 38,2% para 39,5%) e de serviços especializados (de 16,8% para 19,1%).

A infraestrutura – em que predominam grandes empresas – enfrenta graves problemas, originários do loteamento político do setor público, do planejamento ruim e do desperdício de recursos. A perda relativa de participação indica o custo dos problemas para a população, que demanda infraestrutura decente.

Fonte: CBIC